R: Pentecostes é uma das celebrações importantes do
calendário católico e, comemora a descida do Espírito Santo sobre Nossa Senhora e os apóstolos de Jesus Cristo. O Pentecostes é celebrado 50 dias depois do domingo de Páscoa.
O dia de
Pentecostes ocorre no sétimo dia depois do dia da Ascensão de Jesus. Isto
porque ele ficou quarenta dias após a ressurreição dando os últimos
ensinamentos a seus discípulos, somando aos três dias em que ficou na sepultura
somam quarenta e três dias, para os cinquenta dias que se completam da páscoa
até o último dia da grande festa de Pentecostes, sobram sete dias; e foram
estes os dias em que os discípulos permaneceram no cenáculo até a descida do
Espírito Santo no dia de Pentecostes.
Pentecostes é histórica e simbolicamente ligado ao festival
judaico da colheita, que comemora a entrega dos Dez Mandamentos no Monte Sinai cinquenta dias depois do Êxodo.
A Festa de Pentecostes encerra o período pascal; foi o grande
dom de Cristo ressuscitado, que subiu ao Céu e assumiu seu lugar na glória de
Deus. Glorificado à direita do Pai – disse São Pedro – Ele enviou o Espírito
Santo para conduzir os Apóstolos e toda a Igreja (At 2).
Jesus
havia prometido enviar o Espírito Santo para ser a força e a luz da Igreja:
“Quando vier o Paráclito, que vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da
Verdade, que procede do Pai, ele dará testemunho de mim.” (Jo 15,26)
“Eu
vos mandarei o Prometido de meu Pai, entretanto, permanecei na cidade
[Jerusalém] até que sejais revestidos da força do alto”. (Lc 24,29)
Jesus
sabia que sem esta “força do alto” os discípulos jamais seriam capazes de
implantar o Reino de Deus neste mundo através da Igreja. As perseguições seriam
muitas em todos os tempos, desde o primeiro século até hoje. E muitas seriam
também as heresias que ameaçariam destruir a verdade que salva. Só na
força do Espírito Santo isso seria possível; por isso Jesus, na sua Ascensão,
proibiu que os Apóstolos se afastassem do Cenáculo antes de serem revestidos,
batizados, no Espírito Santo.
“E
comendo com eles, ordenou-lhes que não se afastassem de Jerusalém, mas que
esperassem o cumprimento da promessa de seu Pai, que ouvistes, disse ele, da
minha boca; porque João batizou na água, mas vós sereis batizados no
Espírito Santo daqui há poucos dias. Assim reunidos, eles o interrogavam:
Senhor, é porventura agora que ides instaurar o reino de Israel?
Respondeu-lhes ele: Não pertence a vós saber os tempos nem os momentos que o
Pai fixou em seu poder, mas descerá sobre vós o Espírito Santo e vos dará
força; e sereis minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria e
até os confins do mundo. “ (Atos 1, 4s)
Os
Apóstolos, imbuídos ainda de um messianismo terreno, esperavam que Jesus fosse
um libertador político que livrasse Israel do jugo de Roma: “…é porventura
agora que ides restaurar o reino de Israel?”. Jesus lhes mostra que não, que
“seu Reino não é deste mundo”, e que a salvação de cada um acontecerá pela
pregação do Evangelho em todo o mundo, no poder do Espírito Santo, poder esse
que vence todo obstáculo à evangelização.
A
partir de Pentecostes os Apóstolos se encheram de coragem, sabedoria e pregaram
sem medo Jesus Cristo ressuscitado, enfrentando toda perseguição dos judeus. E
o Espírito Santo estava com eles. É comum essa expressão nos Atos dos
Apóstolos: “pareceu bem ao Espírito Santo e a nós…”.
Jesus
disse que: “Deus anseia dar a cada um o Seu Espírito “sem medidas” (Jo 3,34);
e, ainda antes da sua Paixão e morte, mostrou a importância do Espírito Santo
na festa das tendas em Jerusalém:
“Se
alguém tiver sede, venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura:
Do seu interior manarão rios de água viva (Zc 14,8; Is 58,11). Dizia isso,
referindo-se ao Espírito Santo que haviam de receber os que cressem nele, pois
ainda não fora dado o Espírito, visto que Jesus ainda não tinha sido
glorificado” (Jo 7,37-39).
Na
santa Ceia, na despedida, Jesus prometeu enviar o Paráclito, o Espírito da
Verdade, para conduzir a Igreja sempre à verdade.
“Se
me amais, guardareis os meus mandamentos. E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará
outro Paráclito, para que fique eternamente convosco. É o Espírito da Verdade,
que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece, mas vós o
conhecereis, porque permanecerá convosco e estará em vós”. (Jo 14, 15-17)
Este
Paráclito veio em Pentecostes para assistir e guiar a Igreja e ficar
“eternamente convosco”. Por isso a Igreja nunca errou o caminho da verdade que
salva (cf. CIC §851).
“Disse-vos
estas coisas enquanto estou convosco. Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o
Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo o
que vos tenho dito.” (Jo 14, 25-26)
O
Espírito Santo veio em Pentecostes para ficar para sempre com a Igreja e lhe
ensinar “toda a verdade”. Essa é a maior alegria de ser católico. Desde aquele
dia no primeiro século ele assiste e guia a Igreja na verdade; por isso a
Igreja é infalível quando ensina a doutrina católica (cf. CIC §889 a §891).
Jesus
deixou o Espírito Santo como Mestre da Igreja: “Muitas coisas ainda tenho a
dizer-vos, mas não as podeis suportar agora. Quando vier o Paráclito, o
Espírito da Verdade, ensinar-vos-á toda a verdade…” (Jo 16,12-13). É
impressionante que Jesus repete essa expressão “ensinar-vos-á toda a verdade”,
não apenas uma parte da verdade, mas tudo.
Assim,
desde Pentecostes – a manifestação da Igreja ao mundo – ela continua sua
caminhada feliz, como disse santo Agostinho “entre as perseguições desse mundo
e a consolações de Deus”.
É
o Espírito Santo quem assiste o Magistério da Igreja na verdade que salva; Ele
inspirou os escritores sagrados da Bíblia, acompanhou toda a sagrada Tradição
Apostólica, atua na liturgia sacramental, nos carismas, nos ministérios da
Igreja, na oração pessoal dos fiéis, na vida apostólica e missionária, no
testemunho dos santos e em toda a obra da salvação (cf. CIC § 688). Jesus foi
concebido no poder do Espírito Santo e cumpriu sua missão na força do mesmo
Espírito.
É por tudo isso, que se considera que a Igreja de Cristo, teve
início à partir de Pentecostes, pois só inundados com o Espírito de Verdade e
Sabedoria, os apóstolos tiveram condições de evangelizar os povos, levando a
Igreja de Cristo e a Sua Verdade a todos os que tinham o coração aberto à
recebê-la.