P: Quais são os Cinco Mandamentos da Igreja
R: Uma coisa que muitos católicos não sabem – e por isso não cumprem – é que existem os "Cinco Mandamentos da Igreja", além dos “Dez Mandamentos” conhecidos.
É preciso entender que Mandamento é algo obrigatório para todos os católicos, diferente de recomendações, conselhos, entre outros.
Cristo deu poderes à Sua Igreja a fim de estabelecer normas para a salvação da humanidade.
Ele disse aos Apóstolos: "Quem vos ouve a mim ouve, quem vos rejeita a mim rejeita, e quem me rejeita, rejeita Aquele que me enviou" (Lc 10,16).
E prossegue: “Em verdade, tudo o que ligardes sobre a terra, será ligado no céu, e tudo o que desligardes sobre a terra, será também desligado no céu.” (Mt 18,18)
Então, a Igreja legisla com o "poder de Cristo", e quem não a obedece, não obedece a Cristo, e conseqüentemente a Deus Pai.
De modo que para a salvação do povo de Deus, a Igreja estabeleceu cinco obrigações que todo católico tem de cumprir, conforme ensina o Catecismo da Igreja Católica (CIC).
Este ensina: "Os mandamentos da Igreja situam-se nesta linha de uma vida moral ligada à vida litúrgica e que dela se alimenta. O caráter obrigatório dessas leis positivas promulgadas pelas autoridades pastorais tem como fim garantir aos fiéis o mínimo indispensável no espírito de oração e no esforço moral, no crescimento do amor de Deus e do próximo." (CIC - §2041)
Note que o Catecismo diz que isso é o "mínimo indispensável" para o crescimento na vida espiritual dos fiéis.
Podemos e devemos fazer muito mais, pois isso é apenas o mínimo obrigado pela Igreja.
A Igreja sabe, como Mãe, que tem filhos de todos os tipos e condições, portanto, fixa, sabiamente, apenas o mínimo necessário, deixando que cada um, conforme a sua realidade, faça mais. E devemos fazer mais, pois quando chegarmos na presença de Deus no juízo final, com certeza Ele não nos perguntará sobre o mínimo que fizemos em nossa vida aqui na terra, pois isso é obrigação de todo cristão católico, mas, perguntará sobre o que fizemos a mais, sobre o que fizemos além do que é o básico para o católico. E o que você terá para apresentar ao Senhor?
São os seguintes os 5 Mandamentos da Igreja:
1º – "Participar da missa inteira nos domingos e outras festas de guarda e abster-se de ocupações de trabalho".
O primeiro mandamento da Igreja, ordena aos fiéis que santifiquem o dia em que se comemora a ressurreição do Senhor, e as festas litúrgicas em honra dos mistérios do Senhor, da santíssima Virgem Maria e dos santos, em primeiro lugar participando da celebração eucarística, em que se reúne a comunidade cristã, e se abstendo de trabalhos e negócios que possam impedir tal santificação desses dias (Código de Direito Canônico-CDC , cân. 1246-1248) e (CIC - §2042).
Nos diz o (CIC - §1389) sobre a Missa no Domingo: A igreja obriga os fiéis a “participar da divina liturgia aos domingos e nos dias festivos” ou ainda com maior freqüência, e até todos os dias.
A participação na santa missa do "Dia do Senhor" ou dos dias santos de guarda é um dever obrigatório para todo cristão batizado, porque Jesus ressuscitou dentre os mortos “no primeiro dia da semana.” (Mc 16,2) .
-"Por que buscais entre os mortos Aquele que está vivo? Não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos de como Ele vos disse, quando ainda estava na Galiléia" (Lucas 24, 5-6)
Enquanto primeiro dia, o dia da Ressurreição de Cristo lembra a primeira criação.
Enquanto sétimo dia, que segue ao sábado, significa a nova criação inaugurada com a Ressurreição de Cristo.
Para nós cristãos, o Domingo se tornou o primeiro de todos os dias, a primeira de todas as festas, “o Dia do Senhor”.
A santa missa é o Santo Sacrifício de Cristo que foi consumado no Calvário, sendo renovado e celebrado do nascer ao pôr-do-sol em todo o mundo pela salvação da humanidade. Faltar à missa aos domingos e dias santos sem nenhum motivo que impeça de assisti-la ou de ir até o Templo do Senhor é considerada falta grave pela igreja, ficando portanto, o fiel cristão impedido de receber a comunhão ou eucaristia.
O domingo, dia em que por tradição apostólica se celebra o Mistério Pascal, deve ser guardado em toda a Igreja como dia de festa de preceito por excelência. (CIC - §2177)
Em casos especiais de impedimento de se participar da missa no domingo, a Igreja aceita que se participe da missa do sábado anterior, desde que após as 18:00h (pois assim a liturgia é a mesma da do domingo)
Com obrigação de participarmos da missa, são esses, os dias Santos de Guarda, além dos domingos, conforme (CDC, cân. 1246,1; n. 2043 após nota 252) e (CIC - §2177):
1 - o dia do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, (25 de dezembro)
2 - da Epifania (6 de janeiro) (No Brasil: 1º Domingo do Ano Novo)
3 - Páscoa (data variável) (primeiro domingo depois da 1ª Lua cheia após o equinócio do hemisfério Norte) (data de referência para várias festas e solenidades da Igreja) FESTA DAS FESTAS.
4 - da Ascensão (domingo), (data variável) (40 dias após a Páscoa) (7º domingo da Páscoa) (6º domingo depois do domingo de Páscoa)
5 - do Santíssimo Corpo e Sangue de Cristo (Corpus Christi), (data variável) (quinta-feira depois da oitava de pentecostes) (quinta-feira após o domingo da Santíssima Trindade)
6 - de Santa Maria Mãe de Deus (1º de janeiro),
7 - de sua Imaculada Conceição (8 de dezembro)
8 - e Assunção de Nossa Senhora, (15 de agosto ou Terceiro domingo de agosto)
9 - de São José (19 de março),
10 - dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo , (29 de junho ou domingo seguinte)
11 - e por fim, de Todos os Santos (1º domingo de novembro)
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: O cristão católico deve abster-se de todo tipo de ocupação de trabalho ou seja ela qual for, que o impeça de participar das missas aos Domingos e Dias Santos de Guarda.
2º - "Confessar-se ao menos uma vez por ano".
O segundo mandamento prescreve que o cristão batizado deve confessar-se ao menos uma vez por ano, mas como o gênero humano tem uma natureza, digamos, “corrupta” devido a herança do pecado original cometido pelos primeiros pais (Adão e Eva) no início da criação, o espírito necessita de uma "limpeza espiritual" constante para não acumular muitas faltas ou pecados graves (mortais) que comprometem a salvação da alma. E é através do sacramento da reconciliação ou confissão sacramental que a Igreja de Cristo proporciona ao homem a reconciliação com Deus e com os irmãos, libertando dos males espirituais com o perdão dos pecados. "Se vossos pecados forem escarlates, tornar-se-ão brancos como a neve! Se forem vermelhos como a púrpura, ficarão brancos como a lã!" (Isaías 1, 18).
A confissão assegura a preparação para a Eucaristia pela recepção do Sacramento da Reconciliação, que continua a obra de conversão e perdão do Batismo (CDC, cân. 989).
É claro que é pouco se confessar uma vez ao ano, seria bom que cada um se confessasse ao menos uma vez por mês, pois fica mais fácil de se recordar dos pecados e de ter a graça para vencer as tentações.
3º - "Receber o sacramento da Eucaristia ao menos pela Páscoa da ressurreição"
Comungar ao menos pela Páscoa ou "fazer a Páscoa" como prescreve a igreja, é cumprir um dever muito antigo que já fazia o Povo de Deus do Antigo Testamento. Celebrar a Páscoa recebendo a comunhão ou eucaristia significa o encontro e comunhão com Jesus Cristo que liberta de todo o mal, ou seja, é celebrar a libertação ou "passagem" de uma vida de escravidão no pecado para uma vida nova com Cristo.
O período pascal vai da Páscoa até festa da Ascenção e garante um mínimo na recepção do Corpo e do Sangue do Senhor em ligação com as festas pascais, origem e centro da Liturgia cristã (CDC, cân. 920).
Também é muito pouco comungar ao menos uma vez ao ano. A Igreja recomenda (não obriga) a comunhão diária.
4º - "Jejuar e abster-se de carne, conforme manda a Santa Mãe Igreja"
(No Brasil isso deve ser feito na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa).
Este jejum consiste em um leve café da manhã, um almoço leve e um lanche também leve à tarde, sem mais nada no meio do dia, nem o cafezinho. O católico deve abster-se totalmente de carne, qualquer que seja ela.
Quem desejar, pode fazer um jejum mais rigoroso; o obrigatório é o mínimo.
Os que já tem mais de sessenta anos estão dispensados da obrigatoriedade, mas podem fazê-lo se desejarem.
Diz o Catecismo que o jejum "Determina os tempos de ascese* e penitência que nos preparam para as festas litúrgicas; contribuem para nos fazer adquirir o domínio sobre nossos instintos e a liberdade de coração (CDC, cân. 882) e (CIC - §2043)
* A ascese é a prática da renúncia ao prazer ou mesmo a não satisfação de algumas necessidades primárias / é um processo de santificação pessoal / mortificação. Ascese cristã é o esforço que fazemos para dominarmos os nossos sentidos, corrigirmos as nossas más tendências e vivermos um processo de libertação interior.
A Igreja propõe aos fiéis como algumas das práticas ascéticas, o jejum e a abstinência, penitenciais, Louvor, Adoração ao Senhor.
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Exemplo: A prática do jejum / mortificações, sempre foi uma forte arma de ascese, de penitência e de combate espiritual na história da salvação
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5º - "Ajudar a Igreja em suas necessidades"
Os cinco mandamentos ou preceitos da Igreja Católica, na sua forma atual, foram promulgados em 2005 pelo Papa Bento XVI, quando suprimiu o termo "dízimos" do quinto mandamento (que era: “pagar dízimos conforme o costume”), cujo sentido real era, obviamente, uma contribuição segundo as possibilidades de cada um, e não uma taxação ou imposto sobre os rendimentos.
O quinto mandamento recorda aos fiéis que devem ir ao encontro das necessidades materiais da Igreja, cada um conforme as próprias possibilidades (CDC, cân. 222).
Não é obrigatório que o dízimo seja de 10% do salário, nem o Catecismo, nem o Código de Direito Canônico obrigam esta porcentagem, mas é bom e bonito se assim o for, pois a própria palavra “dízimo” representa “10%”, ou a “décima parte”.
As Sagradas Escrituras fazem menção ao dízimo em diversas passagens do A.T. e do N.T., relacionando-o em algumas passagens a “décima parte”. Vejamos:
-“Honra ao Senhor com os teus bens, e com as primícias de toda a tua renda.” (Pr 3,9)
- “Todos os dízimos da terra, tanto dos produtos da terra como dos frutos das árvores, pertencem ao Senhor; é coisa consagrada ao Senhor.” (Lv 27,30) Ou ainda “Em todo dízimo de gado graúdo ou miúdo, a décima parte de tudo que passa sob o cajado do pastor é coisa consagrada ao Senhor.” (Lv 27,32)
- “Cada qual oferecerá conforme puder, conforme a bênção que o Senhor teu Deus lhe houver dado.” (Dt 16,17)
- “Tributai ao Senhor a glória devida ao seu nome; trazei oferendas, e entrai nos seus átrios.” (Sl 96,8)
- “Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, que pagais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas tendes omitido o que há de mais importante na lei, a saber: a justiça, a misericórdia e a fidelidade; estas coisas, porém, devíeis fazer, sem omitir aquelas.” (Mt 23,23)
- “Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, nem por constrangimento; porque Deus ama ao que dá com alegria.” (2Cor 9,7)
- “Ora, os filhos de Levi, chamados ao sacerdócio, devem , segundo a Lei, estabelecer o dízimo para o povo, esto é, para os seus irmãos, conquanto são descendentes de Abraão. (Hb 7,5)
O importante é, como disse São Paulo, dar com alegria, pois “Deus ama aquele que dá com alegria” (cf. 2Cor 9, 7).
CONCLUSÃO:
Caríssimos, tudo o que Deus Pai, Seu Filho Jesus e a Santa Amada Igreja nos coloca como caminho a seguir, sempre foi e será para o nosso próprio bem. Deus e a Sua Igreja nunca vão nos recomendar ou nos mandar fazer algo que seja ruim para nós.
Assim, não nos deve ser nada impossível cumprir com os Mandamentos da Igreja de Cristo e os Seus próprios ensinamentos, como nos deixado nos Evangelhos.
Quem ama, sempre quer o bem do seu amado. Assim, Deus que muito nos ama, quer o nosso bem. Portanto vamos seguí-lo e aos seus Mandamentos, e da Sua Igreja, com alegria e responsabilidade. Pois tudo o que vem de Deus e da Sua Igreja nos aponta para o “Céu”, o nosso destino final.
Demos graças a Deus pela Santa Mãe Igreja que nos guia. O Papa Paulo VI disse que "quem não ama a Igreja não ama Jesus Cristo".
Fiquem todos com a Paz de Jesus Cristo e o Amor de Maria!
REFERÊNCIAS:
- Bíblia de Jerusalém
- Código de Direito Canônico (CDC)
- Catecismo da Igreja Católica (CIC)
- Artigo sobre o tema, do professor Felipe Aquino (Canção Nova)
- Outros artigos sobre o tema.
Por: José Vicente U.Campos